quarta-feira, 30 de julho de 2008

Nova Homenagem


O Segundo Caderno do jornal O Globo deu capa ontem, 29 de julho, para o lançamento de um livro sobre o livreiro José Olympio. A matéria, bem interessante, antecipa encontros, personagens e bastidores lembrados pelo livro, organizado por José Mário Pereira – editor, assim como José Olympio.

O livro foi lançado na Biblioteca nacional, coincidindo com a abertura de uma exposição em homenagem a José Olympio (leia mais em Vai Lá), com curadoria do mesmo José Mário.

A obra, intitulada “José Olympio – o editor e sua casa”, é publicada pela editora Sextante, conhecida por investir majoritariamente no nicho “auto-ajuda”. Há uma explicação para isso: os donos da editora são netos de José Olympio. Mas, de qualquer forma, que isso seja um bom sinal de novos ventos...

A matéria também está disponível em O Globo Online. O link é http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2008/07/28/jose_olympio_editor_personagem_da_historia_do_brasil_ganha_livro-547452583.asp

Luciano Trigo, do Jornal do Brasil, também escreveu sobre José Olympio e sobre o livro novo. Leia em http://jbonline.terra.com.br/editorias/cultura/papel/2008/07/29/cultura20080729002.html

Para dar só um gostinho (até porque meu scanner é péssimo), veja, na foto (ok, um pouco torta, prometo ajeitar), um pedaço reproduzido da capa do Segundo Caderno.

Vai Lá:
Exposição “José Olympio – O Editor e sua casa”. A mostra vai até 22 de agosto e conta com fotografias, manuscritos, capas de Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Iberê Camargo, além de escritores. O acervo José Olympio é composto por 6.094 livros, incluindo edições príncipes (primeiras edições) e cerca de 100 mildocumentos manuscritos e iconográficos.
A exposição pode ser visitada de segundas às sextas-feiras, de 10h às 17h e aos sábados, de 10h às 15h. (Fonte: site da Biblioteca Nacional)
Por Mariana Carnevale

terça-feira, 24 de junho de 2008

UM BOM MOMENTO PARA SE RECORDAR



Como o assunto corre em torno das livrarias e seus respectivos livreiros, não podemos deixar de nos lembrar das editoras que fornecem os clássicos e os livros mais vendidos no mercado. São eles os responsáveis principais pela meca da produção de livros, que analisam um texto, corrigem e, por fim, editam para o público o livro com capa e folhas cheias de frases interessantes e construtivas. Sem as editoras não existiriam livros e nem livrarias cheias de estantes com diversos títulos. O livro é, para muitos, motivo de sucesso, pois o que pode oferecer em termos de cultura e aprendizado é espantoso. Os motivos que levam uma pessoa a comprar um bom livro são diversos, mas no fim, o que interessa são as boas histórias e os bons momentos que ele irá proporcionar.

No dia 11 de Junho de 2008 (quarta-feira), às 18h30, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro (Av. Afrânio de Melo Franco, 290, 2° piso), foi inaugurada uma exposição grandiosa. Uma exposição cuja finalidade é mostrar todo o prestígio e orgulho que Jorge Zahar forneceu para todos que trabalham na editora e para aqueles que compram seus livros. Uma figura carismática, honesta, sincera e apaixonada pela família, teve motivos de sobra para receber uma homenagem bem em frente à Livraria da Travessa. Jorge nasceu em 1920 e faleceu em 1998, aos 78 anos de idade. Completando 10 anos de sua morte, a exposição conta com artefatos que enfeitam e sugerem uma análise sobre o fundador de uma das editoras mais conhecidas do país. Com móveis rústicos de madeira dispostos na frente da livraria com os formatos de “J” e “Z”, fotos e textos ensinam o que essa pessoa pôde fazer para contribuir com a produção de diversos livros, desde sempre lidos por intelectuais, jovens estudantes etc. Uma história de vida realmente incrível e de causar inveja a qualquer um, pois não é todo dia que surgem boas editoras com o ideal de manter seus livros sempre no mercado, que já é bastante competitivo. A exposição conta a história de vida de Jorge Zahar, com enfoque em seus projetos profissionais durante toda sua trajetória.

Na época da ditadura, Jorge Zahar também teve que “segurar as pontas” para não cair no erro, já que a fúria dos militares contra os livros que falavam sobre o comunismo fazia com que fossem insistentemente procurados e apagados da história. Mesmo assim, driblando os acontecimentos da época, muitos clássicos de Filosofia, Psicanálise, Ciências Sociais e pensamentos liberais, de um modo geral, foram adiante e chegaram a ser publicados pela editora. Uma ousadia para a época, mas que mostra definitivamente a garra que ele tinha de querer levar cultura para todos os tipos de pessoas. Os seus primeiros livros editados - alguns clássicos da literatura - podem ser vistos na exposição. O interessante é que o público tem o direito de interagir, pois gavetas foram colocadas estrategicamente para que qualquer pessoa possa manusear, o que torna a exposição muito lúdica e divertida. Em um dos móveis de madeira, uma televisão foi instalada e nela, depoimentos de diversas pessoas surgem para ilustrar e confirmar tudo o que ele era, um homem extremamente inteligente e preocupado com a cultura do país. Esta exposição poderá ser vista até o dia 30 de junho deste ano, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon. Em São Paulo, ela acontecerá de 18 a 25 de agosto, na Livraria Cultura. É só conferir!

“A figura do livreiro precisa ser protegida”. (Jorge Zahar)

“Livraria, para mim, seria um lugar do qual eu possa realmente tomar conta. Eu é que teria contato com o comprador de livro. Uma cadeia de livrarias não seria a minha livraria, seria só business. A minha livraria seria sempre aquela ligada a mim, em que eu saberia quando chegariam os livros, quem os compraria, seria eu quem telefonaria para as editoras – como eu fazia antes. Este é um negócio bonito e gostoso.” (Jorge Zahar).



Por Ana Carolina Duque-Estrada.

domingo, 22 de junho de 2008

A História do sebo mais antigo do Brasil



A bela história da Livraria São José no cenário brasileiro se tem início no ano de 1926, quando a antiga Livraria Briguet se instalou no número 38 da Rua São José, no Centro do Rio de Janeiro. Após muitas discussões e brigas dos sócios, houve uma alteração contratual e a livraria passou a se chamar São José no ano de 1939. Assim, nascia a Livraria São José, o sebo mais antigo do Rio de Janeiro, com José Oliveira Vaz da Silva e Manuel Augusto da Silva como sócio-fundadores.


PRIMEIRA CRISE

Após os primeiros anos de muito sucesso, a livraria vivera sua primeira crise em 1947. Nesta época, com a Segunda Guerra Mundial no seu auge, o comércio de livros foi o primeiro a entrar em decadência, e várias editorias e livrarias faliram em conseqüência da retração ao mercado. Em vista disso, os proprietários da Livraria São José tiveram que passar o negócio adiante, e Carlos Ribeiro, mais conhecido na época como “Carlinhos”, e Walter Alves da Cunha passaram a administrar a livraria.


NOVA FASE

Com a venda, a Livraria São José passou por uma nova fase com os novos sócios, sendo realizada uma grande liquidação de livros para conter a crise que estava instalada. Esta atitude despertou o interesse de muitas pessoas e o sucesso nas vendas foi questão de tempo. Este fato levou a livraria a um grande crescimento junto a seus proprietários, que passaram a ser respeitados e admirados por toda a classe de livreiros, editores e escritores do Brasil.

Durante 20 anos, a Livraria São José viveu a fase áurea de sua história, contribuindo com valiosos feitos em prol da literatura e da cultura brasileira. Neste período, a livraria se associou a gravadora de discos “Festa”, em que grandes poetas, como Carlos Drumond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Augusto Frederico Schimit, Asceno Ferreira e Pablo Neruda declamavam, através de gravações, seus melhores poemas, além de passar a ser ponto de encontro de romancistas, poetas, cronistas, jornalistas, senadores, governadores e até ex-presidentes do Brasil, como João Goulart, Marechal Castello Branco, José Linhares e Marechal Eurico Gaspar Dutra.



Após a fase áurea de sua história, a Livraria São José começava a passar por grandes dificuldades. A livraria, que chegou a ser proprietária de três lojas mudou de sede e em seguida os sócios Carlos Ribeiro e Walter Alves da Cunha se separam e a livraria passou a ser administrada apenas por Carlinhos, e Walter Alves da Cunha, depois de se separar do seu antigo sócio, fundou a Livraria Antiquário.

Sozinho, Carlos Ribeiro não conseguiu conter a crise que se instalara na livraria e a negociou com seu antigo sócio, mas continuava na direção da livraria. Com a venda, a Livraria São José teve que se mudar para Rua do Carmo e esta mudança deixou Carlinhos em uma profunda depressão. Os amigos que o visitavam constatavam a sua profunda depressão e tristeza pelo seu deslocamento. Às vezes surpreendiam-no chorando e dizia que agora estava sobre a proteção de

Nossa Senhora do Carmo. Aconselhado pelos médicos, afastou-se da profissão.
Seus filhos o substituíram na direção da livraria. Em fins de 1979, num gesto característico do seu temperamento depreendido dos bens materiais, Carlos Ribeiro vendeu o seu negócio a antigos empregados, que aprenderam com ele a lidar, vender e amar os livros. Atualmente, dirigida por José Germano da Silva e Carlos dos Santos Vieira dirigem a Livraria São José, que continua a sua importante missão, prestando relevantes serviços às letras e a cultura brasileira e vai muito bem de "saúde", graças á Deus.



Por, Luiz Victor e Danielle Esperon.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Clube da leitura


João Guilherme freqüentador e leitor assíduo da Baratos da Ribeiro

Nesse “post” apresentaríamos aos leitores do blog “Livrarias e Livreiros” uma entrevista com Mauricio Gouveia, dono e fundador do sebo Baratos da Ribeiro, porém, ele não compareceu ao encontro marcado. Após várias tentativas de contato, sem sucesso, pedimos desculpas aos leitores e interessados no assunto pela falta dessa informação, mas não dependia só dos alunos que assinam esse “post”, mas também da disponibilidade do Sr. citado acima.


Para quem acha que a literatura morreu, está muito enganado; ela renasce nas prosas de ficção, quinzenalmente, na Livraria Baratos da Ribeiro. O “Clube da Leitura” reúne amantes da literatura na tentativa de resgatar nos dias de hoje, o espírito mágico dos saraus.


No Clube da Leitura, os participantes lêem contos de diversos autores, mas também contos próprios, discutem temas e assuntos acerca dos contos lidos durante o encontro. São feitas duas rodadas de leitura, a primeira com fragmentos de textos preferidos dos participantes, já que eles tem participação ativa no clube. A segunda rodada são contos originais, feitos pelos participantes e inspirado em algum conto famoso. Todos os participantes podem ler seus contos para que os outros ouçam e se tornam “famosos” para seus conhecidos.

A seguir um conto de Márcia Vitari, uma das fundadoras da livraria, lido em um dos encontros do Clube da Leitura. Esse conto foi enviado para a caixa postal virtual do sebo somente para ser lido no encontro e postado no blog, já que a autora se encontra viajando.

O Sofá
(Márcia Vitari)

Um belo dia quando chego em seu ateliêr, me deparo pela primeira vez com um sofavermelho e digo:

“Hummm, que surpresa! Finalmente, um lugar decente para sentarmos!”


Costumávamos passar nossas tardes nos enroscando entre arquivos, quinas de cadeiras, pelas paredes como lagartixas em fricção. Muitas vezes, nossas incursões me deixavam, fatalmente, com algumas manchas roxas: nem ligava, nem sentia. A coisa esquentava tanto que, no calor dos afetos, só sobravam gemidos e espasmos.

Mas desde o surgimento daquele sofá vermelho como uma boca escarlate, era ali que passamos a nos amar aproveitando o impulso de cada mola do estofado.O imóvel era uma casa de vila com varias aberturas voltadas para outras tantas janelas. Não haviam cortinas e, quando nus, eu de pernas suspensas e escancaradas, ele me penetrando e exibindo seu bumbum redondo e volumoso como uma melancia, lhe perguntava:

“O que nos estamos fazendo? Isso e uma loucura!”


“Não sei. Não pergunte. Se a gente pensar não faz! respondia ele com a convicção daqueles que, quando querem algo tão visceralmente, não interrompem o desejo em ato.”

No que eu concordava plenamente. E pensava: “que se dane os outros. Já e tão raro sentir-se `a vontade para se expor plenamente a um outro que não faz nenhum sentido interromper por conta de outros: os anônimos. Qualquer coisa, poderíamos pensar em cobrar ingresso. Por que não? Afinal, era um show e tanto que proporcionávamos”.

Lembro-me perfeitamente uma das muitas tardes, depois de termos feito amor, eu estirada no sofá, lânguida, a imagem encarnada da lassidão. Ele volta da cozinha com um copo d’água em mãos e diz ternamente:

- Você esta linda com sua pele alva em contraste com o vermelho do sofá.

E assim permaneci imóvel um pouco mais de tempo, para satisfazer sua volúpia, sentir a caricia que recebia vinda de seu olhar quase tátil a me tocar o corpo em toda sua extensão. Eu parecia uma pintura que mesclava as dançarinas de Toulousse-Lautrec no Moulin Rouge, com aquele espectro de ausência que ha no olhar de todas as mulheres retratadas por Modigliani.

Ali estava eu: entregue, saciada pelo homem que amava e que despia-me completamente, mesmo estando vestida. Nossas almas roçavam uma na outra com tamanho despudor que pensávamos: ” Se os deuses estão a nosso favor, quem iria ter a audácia de se opor?”.
E enquanto não aparecia nenhum empecilho que interferisse no idílio amoroso desses dois fogosos amantes, eles se lambuzavam e arfavam como dois inocentes pagãos libertos no fogo que ardiam.


Por: Fabiana Bernardes, João Felipe Almeida e Priscila Jacinto

Livraria Rio Antigo


Uma livraria construida no velho centro comercial do Rio de Janeiro, conta com experiências antigas e recentes, profissonais e comerciais para o diferenciado mercado de livros raros e usados. Possui hoje 5 andares do prédio e funciona juntamente com outra livraria. A gerente, Margarete Cardoso, é especialista em livros raros no Brasil e a sua livraria é considerada uma das melhores do Rio de Janeiro em termos de livros antigos.


O diferencial da Livraria Rio Antigo, é que além do grande acervo de livros raros nas mais diversas áreas como arte, literatura, filosofia e ciências sociais ela também realiza leilões, avalia e compra bibliotecas.


Nesses leilões são avaliados não só livros raros como também exemplares já esgotados, documentos, cartões-postais, jornais, moedas, cédulas, documentos e tudo o que for de interesse para colecionadores históricos.

Abaixo algumas das novas aquisições da Rio Antigo:

- CASAL , MANUEL AIRES DE
Corografia Brasílica ou Relação Histórico-Geografica do Reino do Brasil. Composta e dedicada a Sua Majestade Fidelissima.
São Paulo Cultura 1943

- PEREIRA CILENE DA CUNHA & DIAS PAULO ROBERTO
Miscelânea de Estudos linguísticos, filológicos e literários In Memoriam Celso Cunha.
Rio de Janeiro Nova Fronteira 1955

- ZILIO , CARLOS
A querela do Brasil . A questão da identidade da ate brasileira: a obra de Tarsila, Di Cavalcanti e Portinari / 1922-1945.
Rio de Janeiro Funarte 1982


Por: Beanca Jimenez.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Um País de Leitores

Ziraldo disse que o país precisava de leitores. Lembro dele afirmando isso desde que me conheço por gente, basta procurar qualquer entrevista dele em revistas especializadas. É de autoria do próprio a frase estudar é muito importante, mas ler é mais importante do que estudar.

Concordo plenamente com a postura do Ziraldo e sua defesa pela leitura. O Brasil realmente precisa de mais leitores, até nossos hermanos argentinos lêem mais livros que nós (pois é, nisso eles ganham dos brasileiros de goleada).

Sempre pudemos contar com as livrarias, seja as pequenas ou as grandes. Das pequenas não tenho muito o que comentar pois sempre souberam adaptar-se ao tempo ao mesmo tempo que mantiveram sua personalidade, caso contrário não estariam até hoje. Agora, quanto as grandes livrarias eu só tenho uma coisa a dizer: são livrarias-clone.


Sim, livrarias-clone. É o que posso dizer das grandes livrarias. Todas iguais. Todas atendem iguais seus clientes, com uma mínima variação, alguns mais atenciosos, outros mais displicentes. Mas isso não importa: são todas iguais. Todas iguais no tratamento do comércio de livros. Quem diz que livros não vendem no Brasil deve ser cego ou cético. Basta ir até algum centro de comércio de qualquer cidade de médio porte para cima: com certeza uma Saraiva, Nobel, Vozes ou Laselva estará lá. Não questiono que as livrarias têm de lucrar.


Assim como negócio, as empresas destas grandes livrarias precisam do dinheiro para manter-se no mercado. Nada contra, afinal é assim que as coisas funcionam. Cresci em meio aos livros. Minha mãe, professora de português sempre me manteve com um livro por perto. Meu pai tem uma coleção de livros invejáveis Aprendi com meus pais a amar a leitura, seja ficcional ou didática. Se sou uma pessoa melhor, foi por causa do enorme esforço que meus pais tiveram para que eu apreciasse a leitura. Sempre gostei de livrarias. Desde moleque que quando vou ao shopping, eu me escondo nelas e fico folheando os livros interminavelmente até que um funcionário mal educado me convide “gentilmente” a me retirar (Podem imaginar como eu era barulhento).


Agora, como adulto, sempre gosto de dar uma passada na livraria local, qualquer ela seja para dar aquela folheada tradicional, só que sem toda a barulheira de quando criança, claro. Nesses anos que se passaram, eu vi as livrarias crescerem em número. Ficaram maiores, espaçosas, com espaço para leitura, não vendem somente livros, mas música, periféricos de informática e artigos de papelaria. As pessoas não entram somente para comprar livros, mas para diversos fins, que muitas vezes (eu até diria “na maioria das”) nada tem a ver com a aquisição de um romance. Os livros se tornaram um grande negócio. Assim como roupas e música, temos os “livros da Moda”. Quando um filme de sucesso baseado em um livro ou série de romance é um estouro de bilheteria, temos os “leitores de modinha”, que lêem o romance apenas para “estar sintonizado”. Não estou brincando, basta conferir.


Um variante é um livro que tenha excelente publicidade na mídia e todos começam a comprar não porque gostam de ler, mas sim por puro consumo e modismo. Fora isso, temos os sempre batidos Auto-ajuda emocional e profissional e os livros didáticos e técnicos. A vasta maioria das vendas se resumem a isto, deixando os outros livros a mofar nas prateleiras. Quando entro em livrarias deste tipo, sempre sou atendido por um funcionário que, por mais que se esforce em me passar o contrário, não sabe nada do que está vendendo.


Ele é um funcionário, não alguém que tenha o amor pelos livros. Ele pode até gostar, mas não tem aquela finesse do dono de livraria pequeno, que lê os livros que está vendendo. Alguns sequer sabem das coisas mais básicas de seus “produtos”.Entrar em uma loja destas mega-livrarias é a mesma coisa que entrar em todas as outras. Até mesmo nas do concorrente. Aliás, é igual entrar em uma Casa Bahia ou Ponto Frio, pois o atendimento dos funcionários que vendem eletrodomésticos é igual os dos funcionários das livrarias.

Os livros são tratados como mais um produto a ser comercializado, como se fosse um fogão ou aparelho de som. E o povo consumista consome, devora e absorve os livros “da moda” para, depois relegar ao esquecimento em suas prateleiras ou mesmo trocar em sebos.

Nada contra os sebos, eu adoro, sempre gostei muito de freqüentar os sebos da Penha à cata de gibis e romances. Mas eram gibis e romances de edições passadas. Cheguei a encontrar até mesmo preciosidades a preços módicos.

Hoje, os sebos estão entulhados de livros novos em perfeito estado de conservação. Passe por lá, você, com certeza vai encontrar livros que já foram moda, sendo vendidos apenas um pouco mais baratos. Livros novos disputam lugar com livros antigos, que não são mais publicados. Interrogados sobre isto, os donos de sebos dizem que é muito comum, especialmente entre os jovens.Ziraldo dizia que o Brasil precisava de leitores. Concordo plenamente. Agora temos leitores. Mas não era exatamente este tipo de leitor que se tinha em mente.


Por Leonardo Borba Crivaro.
Colaborou Adriana Gomes.

Edição comemorativa – 5 décadas de tradição

Para comemorar uma data importante, rica em lembranças e regada de motivos pra lá de especiais, a livraria Leonardo Da Vinci uniu a clientela e seus convidados das palestras, para celebrar os seus cinqüenta anos. Tudo foi elaborado e executado para agradar tanto os que são fãs da livraria e de sua história, como os próprios colaboradores do local. Quem gosta de livro e curte história, vai se realizar lendo este clássico que antes de mais nada é uma obra rica em detalhes e conhecimento.

Afinal, a história da cidade quem faz são as pessoas que nela vivem e é claro, a livraria esteve presente na história da cidade, levando cultura e simpatia para quem a freqüentava. E assim, se segue o sucesso, com maestria, simplicidade e bom gosto.

O resultado deste livro vem de um ciclo de palestras produzidas em homenagem ao cinqüentenário da Livraria Leonardo Da Vinci, em 2002. Diversos intelectuais brasileiros se reuniram e expuseram suas idéias sobre as questões nacionais e mundiais que marcaram os últimos 50 anos. Inicialmente Milena Piraccini Duchiade, filha da dona da livraria, relata num breve texto, as dificuldades enfrentadas e a história da livraria desde sua inauguração até os dias de hoje. Esta apresentação, escrita em Março de 2004, é de fato um relato fiel à origem e ao desenvolvimento do local.

Meio século se passou e a livraria completou 50 anos no segundo semestre de 2002. Essa passagem não foi sempre tranqüila, porém as dificuldades apenas mostraram ao seu público a grande capacidade da livraria de se reerguer diante dos problemas existentes. Um dos incidentes sofridos foi o incêndio que destruiu completamente suas instalações e todo o seu estoque em 6 de dezembro de 1973. Momento este que nunca deixou de existir na memória de quem freqüentou e cuidou com tanto zelo do lugar. Estes e outros episódios estão descritos com mais detalhes nas primeiras páginas do livro.

Uma das célebres pessoas que freqüentavam assiduamente o ambiente da Leonardo Da Vinci, era o escritor Carlos Drummond de Andrade, que inclusive escreveu um poema exaltando a importância e a beleza de se ter uma livraria deste porte em nossa cidade. Este poema pode ser encontrado na primeira página do livro. Além de Drummond diversos outros escritores se encantaram e exaltaram, a qualidade e a perseverança da Da Vinci, de se manter ao longo de todos esses anos difíceis no mesmo ambiente.

O ciclo de debates apresentado neste livro reune os três pilares da dimensão e da proporção que são a razão de ser da livraria, os leitores, ou seja, os clientes assíduos, os autores, que por sua vez escrevem os livros e, por fim, os próprios idealizadores desta aconchegante loja de livros. Portanto, todas as gerações puderam participar desta incrível oportunidade que teve tanto sucesso e prestígio, o que levou a publicação deste livro de 151 páginas. O prazer da leitura sempre reuniu este público ligado aos bons livros, e assim, também uniu todos ao mesmo fim, o de se participar e refletir sobre as “cinco décadas em questão”.

Abaixo segue a lista de todos os nomes que passaram pelo ciclo de palestras e que assinaram seus textos:

Década de 50 – Candido Mendes de Almeida e Sérgio Paulo Rouanet.
Década de 60 – Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho.
Década de 70 – Annita Macedo e Manoel Barros da Motta.
Década de 80 – Renato Lessa e César Benjamin.
Década de 90 – Darc Costa e Carlos Lessa.
Século XXI - Eduardo Portella e Emmanuel Carneiro Leão. (eles esclarecem mais ainda a respeito da modernidade e da pós-modernidade).

Por Ana Carolina Duque.