quarta-feira, 7 de maio de 2008

Marquês do Herval: patrimônio da história literária carioca

“Escondidinha no subsolo da sombria galeria Marquês do Herval...”. Não foi à toa que usamos as palavras “escondidinha” e “sombria” ao falar do Edifício Marquês do Herval, local onde está instalada a Livraria Leonardo Da Vinci, e que possui toda uma história que justifica esses adjetivos, além de tantos outros adjetivos incomuns para a localização de uma livraria tão famosa e respeitada.

O Edifício Marquês do Herval foi construído no lugar do Palace Hotel, empreendimento de arquitetura muito apreciada na época, por isso, desde sua construção tornou-se um edifício bastante polêmico, e carrega essa fama até hoje. Situado na Avenida Rio Branco 185, o edifício foi a primeira construção de características modernistas na Av. Rio Branco e, como qualquer inovação, alvo dos críticos.

Muitos acontecimentos ligados ao Marquês do Herval desde a sua inauguração não tiveram uma explicação plausível, e o primeiro deles ocorreu ainda antes de sua construção. A empresa responsável pela idealização do empreendimento era a MMM, dos 3 irmãos arquitetos: Marcelo, Milton e Maurício. O mistério começou durante o projeto do edifício, quando um dos 3 arquitetos, o Milton, desapareceu sem explicação. O caso foi investigado e foi arquivado sem conclusão.

O Edifício Marquês do Herval inaugurou em 1956, após 3 anos de construção, com 36 andares, 35 mil metros quadrados de área construída e 600 unidades, incluindo as lojas e sobrelojas. Devido a sua arquitetura futurista para a época, que inclui a rampa em espiral que leva até o subsolo do edifício, ele recebeu muitos apelidos e o primeiro deles surgiu ainda na época em que foi construído. Por sua arquitetura sinuosa, foi apelidado de Martha Rocha, a baiana que ganhara o título de Miss Universo naquele ano.


O Edifício Marquês do Herval inaugurou em 1956, após 3 anos de construção, com 36 andares, 35 mil metros quadrados de área construída e 600 unidades, incluindo as lojas e sobrelojas. Devido a sua arquitetura futurista para a época, que inclui a rampa em espiral que leva até o subsolo do edifício, ele recebeu muitos apelidos e o primeiro deles surgiu ainda na época em que foi construído. Por sua arquitetura sinuosa, foi apelidado de Martha Rocha, a baiana que ganhara o título de Miss Universo naquele ano.


A fachada do edifício foi projetada de forma sinuosa e chama atenção até hoje, mas além de chamar atenção, sua “estranha” fachada “torta”, lhe rendeu diversos outros apelidos, como o “tem nego bebo aí” pelo efeito que causa em quem o olha de baixo para cima, bem próximo à fachada, e o mais conhecido deles: “tobogã de barata”. Os apelidos são mais uma curiosidade deste edifício.



Na sobreloja do edifício funcionava um dos mais importantes jornais da época: o Correio da Manhã, fato que está ligado a mais um dos mistérios ligados ao Marquês do Herval. Durante toda sua trajetória, o jornal fizera oposição a quase todos os presidentes, além de ter sido perseguido, fechado e ter seus proprietários presos, mas o Correio surgia ainda mais forte após cada embate com o DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social). Mas foi pouco tempo depois de se instalar no Marquês do Herval que o jornal deixaria de circular, pois uma bomba explodiu no jornal. A explosão foi tão forte que não afetou apenas o Correio da Manhã, mas também os 10 primeiros andares do prédio, arrancando vidraças, lambris, mármores e esquadrias de lojas e escritórios. Três toneladas de vidro caíram na calçada da Rio Branco, e o Marquês do Herval entrava para a história política do nosso país.



Outro mistério deste edifício foi o incêndio ocorrido em 1973 que, como já dissemos, foi um dos fatos que contribuiu para uma das “caídas” da Livraria Leonardo da Vinci, já que o incêndio começou na loja em frente a livraria e destruiu o subsolo do edifício.




CURIOSIDADES

Desde sua criação, o Marquês do Herval era um edifício misto e, um dos primeiros registros do seu envolvimento com a história literária carioca, começou antes da Livraria Leonardo da Vinci. Antigos admiradores contam que o Marquês do Herval era procurado como residência dos chamados “amantes dos livros”, pessoas comuns, que gostavam de ler e cultivavam sua biblioteca pessoal em casa. Esses admiradores eram muitos ligados cultura do Rio de Janeiro e por isso gostavam de morar no Centro da Cidade, centro cultural na época.


O que eles contam é que o Marquês do Herval era escolhido como residência dessas pessoas pelas características de temperatura e ambiente propiciada pela sua arquitetura, que era um diferencial para conservação dos livros da época, principalmente exemplares mais antigos.

“A Veneziana & Vidro, aplicada nas circunstâncias em que é indicada – obviamente satisfeitas as recomendações técnicas -, promove melhores condições de arejamento do ambiente interno. O que é particularmente desejado em certas áreas ou regiões, de clima pouco ameno.” José Bina Fonyat Filho, arquiteto e ex-morador do Marquês do Herval.
Outra curiosidade que muitos não sabem é sobre a figura que nomeia o edifício: quem foi Marquês do Herval? Marquês do Herval era o General Osório.

Recentemente aconteceu um fato que não é bem uma curiosidade, mas que poucas pessoas têm conhecimento: o “polêmico”edifício Marquês do Herval foi tombado pela Prefeitura. O decreto de tombamento ocorreu considerando a preservação de imóveis e peças de arte que possuam grande valor arquitetônica para a cidade do Rio, e o Marquês do Herval possui um dos 24 painéis em mosaico do artista Paulo Werneck.

O fato é que o meio literário sempre esteve presente na história do Marquês do Herval, seja com os moradores amantes dos livros, seja com o Correio da Manhã ou com os atuais sebo Berinjela e Livraria Leonardo da Vinci (que não é tão atual assim na história do edifício). Feio ou bonito, claro ou sombrio, polêmico ou não, tradicional ou estranho, o que não podemos negar é que, o Edifício Marquês do herval faz parte da história política e cultural da cidade do Rio de Janeiro.

Para quem tem interesse ou curiosidade em conhecer o edifício Marquês do Herval, como já dissemos, ele fica no Centro da Cidade do Rio, na Avenida Rio Branco, 185.



Autora: Bianca Serrano.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostaria de saber se vcs tem algo sobre a livraria Martins do ano de 1901 do livreiro João Martins Ribeiro.

Ronaldo 2016 disse...

Bom dia!
Gostaria de "consertar" certas informações sobre o Marques do Herval. Caso inclusive queiram corroborar essas informações , procurem o sr. João Carlos, chefe administrativo,desde antes de 1970.. Compramos uma sala em 1971. O incêndio ocorreu em 12 de dezembro de 1974, o Correio da Manha ficava na loja de rua onde depois se instalou o jornal "O Globo". Outras informações com sr. Joao Carlos.
Um abraço
Ronaldo

Wilson Chiareli, Aluno da Escola Nacional de Arquitetura, da antiga Universidad de Brasil, 1956, tendo trancado matri'cula e se trasnferido para a Escola Naval por concurso disse...

Milton Roberto nao desapareceu!

" Milton foi presidente do IAB/DN de 1949 a 1953, quando morreu, aos 39 anos, de um infarto fulminante após discutir com o então presidente do Crea. Qual o motivo da polêmica? Um tema antigo, recorrente e, infelizmente, atual: a autonomia no exercício da profissão dos arquitetos ." (transcrito de https://arcoweb.com.br/projetodesign/especiais/premio-asbea-2004-premio-roberto-claudio-dos-santos-aflalo-01-12-2004)