quarta-feira, 14 de maio de 2008

Resenha do livro "Um Livro por Dia"

Às margens do rio Sena com vista para a catedral Notre Dame. É nesse cenário, na rue de la bûcherie, que se situa a livraria Shakespeare and Comapny, local onde por 5 meses o autor do livro “Um livro por dia”, Jeremy Mercer, se hospedou e inspirou para narrar sua experiência na famosa e curiosa livraria.


Repórter policial do jornal da capital canadense Ottawa “Ottawa Citizen”, Jeremy decide ir à Paris motivado por uma ameaça que recebe após ter publicado uma declaração confidencial de um integrante de uma organização criminosa da cidade no seu primeiro livro “Money for nothing: The Ten Best Ways to Make Money Illegaly in North America”.


Fundada em 1951 e desde então comandada pelo mítico George Withman, hoje com seus 94 anos, a livraria possui características peculiares. Uma delas é o fato de também servir de abrigo para jovens poetas, escritores e mochileiros apenas em troca de ajuda na limpeza e organização do local e no atendimento aos clientes. Outros requisitos de George é que seus hóspedes leiam um livro por dia e escrevam, práticas nem sempre seguidas tão à risca, o que em muitos momentos irritava o proprietário.


Em meio às dezenas de estantes, cômodos apertados, pouco mais de uma dúzia de camas e milhares de livros, onde podem ser encontradas algumas raridades literárias, Jeremy conhece personagens curiosos vindos das mais diferentes culturas. Devido à experiência de uns e astúcia de outros a cada dia iam sendo descobertas maneiras de como se divertir, alimentar e até tomar banho (já que a Shakespeare só possui uma banheira exclusiva para George e para os hóspedes ilustres) com o pequeno, ou quase nenhum, orçamento que possuíam. E claro, que numa cidade cara como Paris boas histórias acontecem em torno dessas sagas.


Socialista utópico e detentor de uma personalidade única George, apesar de sempre hospitaleiro com os novos, não se deixa estabelecer relações afetivas facilmente. Logo se irrita com as longas permanências dos mais acomodados. Entretanto Mercer utiliza seu talento de jornalista e, no início, apenas escuta às incríveis histórias que o experiente livreiro contava. Assim, a confiança foi se estabelecendo criando verdadeiros vínculos entre os dois.


Não era de se espantar que o local passasse por sérias dificuldades financeiras, pois era debaixo de travesseiros e dentro de livros onde ficava a maior parte do dinheiro. Withman pouco se preocupava com as questões burocráticas e de segurança da loja, quanto aos furtos de livros “ele apenas fecha os olhos, pois sabe que aquele dinheiro será usado por uma boa causa”, conta Jeremy. Fato que, até entender a dinâmica que move George, muitas vezes torna suas atitudes incoerentes. Pois o velho livreiro reaproveitava de pães duros a restos de caldos de sopas, um poupador de primeira linha.


Assim o livro vai se desenrolando, de uma forma bem humorada o escritor canadense descreve suas impressões, experiências e revela como conviver com George mudou sua forma de ver as pessoas e as coisas no mundo, enfim, a vontade de se tornar uma pessoa melhor.

Por: Fernanda Barros e Talita Moreira

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