terça-feira, 20 de maio de 2008

Principais livros publicados pela José Olympio

A livraria José Olympio, ou apenas "A Casa", como o seu dono costumava chamar a editora e livraria que levava seu nome, foi uma das maiores editoras do Brasil no século XX, especialmente durante as décadas de 30, 40 e 50. Tal título não poderia ser diferente analisando alguns nomes publicados pela José Olympio. Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, são alguns dos escritores que lançaram seus livros por ela.

Uma curiosidade: Apesar de ter em seu acervo grandes nomes nacionais, a primeira publicação da editora José Olympio foi Conhece-te a ti Mesmo pela Psicanálise [How to psychoanalyse yourself], do norte-americano Joseph Ralph, que obtém grande êxito comercial, permanecendo no catálogo por cerca de vinte anos. Não se tratava de uma obra literária, e sim de um estilo de livro, hoje conhecido como auto-ajuda.


A editora estréia no ramo literário com o lançamento de A Ronda dos Séculos, de Gustavo Barroso.

Em 1934 a sede da empresa transferia-se para o Rio de Janeiro, funcionando em vários endereços do centro, até abrigar-se em 1964 no prédio próprio, da Rua Marquês de Olinda, em Botafogo. Simultaneamente, a livraria que mantinha na Rua do Ouvidor, 110 tornou-se um endereço famoso, onde diariamente se reuniam os intelectuais cariocas.

As edições multiplicavam-se – de oito em 1933, passavam a 32 em 1934, 59 em 1935. Em 1936, com 66 títulos, a José Olympio já era a editora mais importante do país. Seu maior projeto foi a Coleção Documentos Brasileiros, criada em maio de 1936 sob a direção de Gilberto Freyre, cujo livro inicial foi Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, e que hoje conta com mais de 200 títulos.

Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, aborda aspectos centrais da história da cultura brasileira. O texto consiste de uma macro-interpretação do processo de formação da sociedade brasileira. Destaca, sobretudo, a importância do legado cultural da colonização portuguesa do Brasil, e a dinâmica dos arranjos e adaptações que marcaram as transferências culturais de Portugal para a sua colônia americana. O livro foi escrito na forma de um longo ensaio histórico, tendo sido dividido em sete partes.

O livro foi publicado originalmente pela Editora José Olympio, tendo sido posteriormente objeto de várias reedições ao longo do século XX. É considerado um dos mais importantes clássicos da historiografia e da sociologia brasileiras.


Uma curiosidade: Foi com Raízes do Brasil, a primeira vez que fizeram uma vitrine inteira com diversos exemplares do livro, para sua divulgação na livraria José Olympio.


Ainda nos primeiro anos, José Olympio publica os romances de José Lins do Rego Menino de Engenho e Bangüê, em tiragens ambiciosas para a época, com cinco mil e dez mil exemplares respectivamente.

O Romance "Caminho de Pedras" foi lançado em 1939 pela José Olympio. Assim que ouviu falar do livro, José Olympio viajou até o Ceará com o intuito de buscar Rachel de Queiroz para publicar seu livro do qual ouvira falar. Esta atitude é uma das que explica o relacionamento constante e afetuoso com os autores que editava. Atualizado com tudo o que se passava no país, não deixava escapar oportunidade alguma que lhe permitisse acrescentar autores à sua "família literária".


Rachel de Queiroz também é a autora de O Quinze, seu primeiro e mais popular romance publicado pelo José Olympio. O título se refere a grande seca de 1915, vivida pela escritora em sua infância. O romance se dá em dois planos, um enfocando o vaqueiro Chico Bento e sua família, o outro a relação afetiva de Vicente, rude proprietário e criador de gado, e Conceição, sua prima culta e professora.


Jorge Amado também faz parte do grande time de autores publicados pela José Olympio. Seu romance "Mar Morto" publicado em 1936 trata do nascimento, vida e morte do personagem Guma, que o autor descreve como sendo uma história que se conta nos cais baianos, uma lenda, como ele mesmo diz no final do livro: "assim contam os homens do mar".
Em verdade, o livro faz inúmeras referências a outros pescadores célebres, cita exaustivamente santos do candomblé e também descreve com grande detalhe o modo de vida miserável do "povo do mar", a morte sempre latente, náufragos e amores.

Jorge Amado foi o único autor a romper com José Olympio por motivos políticos. Mas a vaidade do escritor talvez tenha pesado tanto quanto a pureza ideológica: Jorge não gostou de ver seu nome publicado abaixo do de Plínio Salgado em um anúncio da editora.

Por Rodrigo Berthone

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