terça-feira, 27 de maio de 2008

“Encontros no Subsolo”: Um convite a desvendar a Leonardo Da Vinci

Eles acontecem desde outubro de 2005 no subsolo do edifício Marquês do Herval entre a Livraria Leonardo da Vinci e o sebo Berinjela. Reúnem autores e especialistas de diversas áreas para debater os mais variados temas. Esses debates são geralmente entre dois ou mais autores, sempre mediados por um jornalista. A idéia nasceu quando Milena Duchiade, que hoje comanda a livraria, conheceu, o jornalista Jaime Gonçalves Filho, no lançamento da revista Entrelinhas. Na época, Jaime trabalhava na Paralelos e a idéia inicial era fazer uma parceria entre a revista e a livraria. Desde então, a Paralelos apóia todas as edições dos “Encontros do Subsolo” fazendo sua curadoria, que no início era o próprio Jaime que comandava, e hoje é feita por Augusto Sales e Marcelo Moutinho. O nome “Encontros no Subsolo” foi dado pela própria Milena, inspirada no livro “Memórias do Subsolo” de Dostoievski..

A primeira edição foi realizada no dia 5 de outubro de 2005 e trazia como tema: “A interferência do jornalismo na escrita ficcional”, questão levantada no livro Pena de Aluguel, de Cristiane Costa, uma das participantes do encontro, junto com os escritores e também jornalistas Marcelo Moutinho e Elvira Vigna. Os mais diversificados assuntos já foram temas desse evento como: “Poesias numa hora dessas?! Versos como antídoto para a crise e monotonia” que reuniu poetas como Alexei Bueno e Alberto Pucheu; “ Falando de moda muito além dos panos” com a participação de Marcos Sabino e Lu Caitora; “Fotojornalismo – Ontem e hoje: ainda indispensável?” com os fotógrafos Dante Gastaloni e Evandro Teixeira; entre outros.

Segundo Milena, as diferentes idéias para os encontros muitas vezes é sugerida por clientes e amigos da livraria. A divulgação é feita através de cartões personalizados, distribuídos na própria livraria, onde os frequentadores podem saber um breve resumo sobre os convidados. Para ela essa é a melhor forma de divulgação, pois as pessoas guardam o cartões e muitas vezes colecionam, já que eles possuem arte diferenciada conforme o tema, que é assinada por Duda Itajahy. No site da da Leonardo Da Vinci podemos também encontrar a programação dos encontros, que acontecem geralmente uma vez por mês, sempre às quartas-feiras, o que na opinião da Milena é a melhor opção, já que não compete com os outros compromissos do final de semana. O grande objetivo desse projeto é fazer com que as novas gerações conheçam a livraria.

Além dos encontros, os clientes podem conferir as exposições que acontecem no Baú da Leonardo, novo espaço da livraria dedicado a livros mais baratos. As exposições são feitas em obras de papel sendo geralmente desenhos, fotografias ou serigrafias e duram cerca de um mês e meio. Se você se interessou pelo espaço e também gostaria de expor suas obras lá, é muito fácil. Basta encaminhar seu portfólio, em CD ou papel, para a livraria Leonardo Da Vinci, que fica na Av. Rio Branco,185 - subsolo (Edifício Marquês do Herval). Lá, ele passará pela avaliação do atual curador da livraria,Hilton Berredor . Importante lembrar que o portfólio deve conter somente as obras que você gostaria de expor.

“Os novos papéis do homem e da mulher”

Esse foi o tema do último “Encontros do Subsolo”, que fez parte do ciclo “Fazendo gênero no século XXI” que aconteceu no dia 26 de março e contou com a presença da psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, autora do livro “Cama na Varanda” e do antropólogo Rolf de Souza, autor do livro “ A confraria da esquina: O que os homens de verdade falam em torno de uma carne queimando”. No encontro eles debateram o papel do homem e da mulher no século XXI, mediado pela jornalista Daniela Name. O evento reuniu cerca de 40 pessoas no subsolo do edifício entre eles estudantes e frequentadores da livraria.

Os dois autores confrontaram os temas dos seus livros. Rolf explicou que seu trabalho discute como os homens constrõem a sua masculinidade. Segundo ele, o homem sempre possuiu um gênero propriamente construído, mas a partir dos anos 60 e 70, começou a se problematizar isso, devido o movimento feminista. Os papéis sociais mudaram, e Rolf nos explica que hoje não podemos mais usar o ditado popular que diz: “ Em briga de marido e mulher não se mete a colher”, pois os homens sabem muito bem que as mulheres tem uma instituição pública que as protege, a delegacia das mulheres, e que ela vai interferir sim na instituição casamento. O homem vê que as atitudes que eram tomadas no passado, já não servem para hoje, levando a uma mudança do seu papel social. Rolf nos alertou dizendo que muitos estudos ainda precisão ser feitos sobre o gênero masculino.

Regina por outro lado, vem dizer que algo muito louco está acontecendo na relação homem e mulher, porque a mulher sempre foi louca para casar e o homem sempre fugia, hoje já não é bem essa situação que ocorre. A partir de questionamentos feitos por seus clientes, Regina começou a fazer pesquisas que resultou no livro “Cama na varanda”. Ela percebeu que o papel do homem, de patriarca, forte, que mandava na mulher, já não servia mais e que a mulher agora independente, não tinha mais aquele jeito frágil que era imposto a ela no passado.

O debate foi aberto ao público que pode opinar e tirar suas dúvidas. Para conhecer um pouco mais sobre os trabalhos dos autores, os livros mencionados e outros títulos basta acessar o site da livraria: www.leonardodavinci.com.br ou se preferir fazer uma visita a Leonardo Da Vinci, que fica na Av. Rio Branco,185 – Subsolo – Centro – RJ (Edifício Marquês do Herval).


Por Márcia Madela

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