terça-feira, 10 de junho de 2008

Clube da leitura


João Guilherme freqüentador e leitor assíduo da Baratos da Ribeiro

Nesse “post” apresentaríamos aos leitores do blog “Livrarias e Livreiros” uma entrevista com Mauricio Gouveia, dono e fundador do sebo Baratos da Ribeiro, porém, ele não compareceu ao encontro marcado. Após várias tentativas de contato, sem sucesso, pedimos desculpas aos leitores e interessados no assunto pela falta dessa informação, mas não dependia só dos alunos que assinam esse “post”, mas também da disponibilidade do Sr. citado acima.


Para quem acha que a literatura morreu, está muito enganado; ela renasce nas prosas de ficção, quinzenalmente, na Livraria Baratos da Ribeiro. O “Clube da Leitura” reúne amantes da literatura na tentativa de resgatar nos dias de hoje, o espírito mágico dos saraus.


No Clube da Leitura, os participantes lêem contos de diversos autores, mas também contos próprios, discutem temas e assuntos acerca dos contos lidos durante o encontro. São feitas duas rodadas de leitura, a primeira com fragmentos de textos preferidos dos participantes, já que eles tem participação ativa no clube. A segunda rodada são contos originais, feitos pelos participantes e inspirado em algum conto famoso. Todos os participantes podem ler seus contos para que os outros ouçam e se tornam “famosos” para seus conhecidos.

A seguir um conto de Márcia Vitari, uma das fundadoras da livraria, lido em um dos encontros do Clube da Leitura. Esse conto foi enviado para a caixa postal virtual do sebo somente para ser lido no encontro e postado no blog, já que a autora se encontra viajando.

O Sofá
(Márcia Vitari)

Um belo dia quando chego em seu ateliêr, me deparo pela primeira vez com um sofavermelho e digo:

“Hummm, que surpresa! Finalmente, um lugar decente para sentarmos!”


Costumávamos passar nossas tardes nos enroscando entre arquivos, quinas de cadeiras, pelas paredes como lagartixas em fricção. Muitas vezes, nossas incursões me deixavam, fatalmente, com algumas manchas roxas: nem ligava, nem sentia. A coisa esquentava tanto que, no calor dos afetos, só sobravam gemidos e espasmos.

Mas desde o surgimento daquele sofá vermelho como uma boca escarlate, era ali que passamos a nos amar aproveitando o impulso de cada mola do estofado.O imóvel era uma casa de vila com varias aberturas voltadas para outras tantas janelas. Não haviam cortinas e, quando nus, eu de pernas suspensas e escancaradas, ele me penetrando e exibindo seu bumbum redondo e volumoso como uma melancia, lhe perguntava:

“O que nos estamos fazendo? Isso e uma loucura!”


“Não sei. Não pergunte. Se a gente pensar não faz! respondia ele com a convicção daqueles que, quando querem algo tão visceralmente, não interrompem o desejo em ato.”

No que eu concordava plenamente. E pensava: “que se dane os outros. Já e tão raro sentir-se `a vontade para se expor plenamente a um outro que não faz nenhum sentido interromper por conta de outros: os anônimos. Qualquer coisa, poderíamos pensar em cobrar ingresso. Por que não? Afinal, era um show e tanto que proporcionávamos”.

Lembro-me perfeitamente uma das muitas tardes, depois de termos feito amor, eu estirada no sofá, lânguida, a imagem encarnada da lassidão. Ele volta da cozinha com um copo d’água em mãos e diz ternamente:

- Você esta linda com sua pele alva em contraste com o vermelho do sofá.

E assim permaneci imóvel um pouco mais de tempo, para satisfazer sua volúpia, sentir a caricia que recebia vinda de seu olhar quase tátil a me tocar o corpo em toda sua extensão. Eu parecia uma pintura que mesclava as dançarinas de Toulousse-Lautrec no Moulin Rouge, com aquele espectro de ausência que ha no olhar de todas as mulheres retratadas por Modigliani.

Ali estava eu: entregue, saciada pelo homem que amava e que despia-me completamente, mesmo estando vestida. Nossas almas roçavam uma na outra com tamanho despudor que pensávamos: ” Se os deuses estão a nosso favor, quem iria ter a audácia de se opor?”.
E enquanto não aparecia nenhum empecilho que interferisse no idílio amoroso desses dois fogosos amantes, eles se lambuzavam e arfavam como dois inocentes pagãos libertos no fogo que ardiam.


Por: Fabiana Bernardes, João Felipe Almeida e Priscila Jacinto

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